XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

terça-feira, 19 de novembro de 2013

tributo a torquato neto



Tributo a Torquato Neto

hoje que você se foi
e ninguém pode negar
o que está feito:
as palavras guardadas no peito

são flores-navalhas
no chão do real;
e um poeta conhece
o tambor da fúria
capaz de gerar um furor.

hoje que você se foi,
o tempo de chorar
também já foi embora,
e um poeta conhece o tamanho do verso
capaz de abolir o acaso,
que as palavras são lances de dardos.

hoje que você se foi,
os bois que berravam na chapada
viraram sócios do açougue:
os néscios e os midas de sempre
sinlen$ifraram nossa dor.
e neste cenário de real pavor,
como num lance de touradas,
o troféu é entregue ao matador.



Salgado Maranhão
Do Livro A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011



Aline de Oliveira na Oficina de Poesia e Produção de Vídeo




esfinge


o amor 

não e apenas um nome 
que anda por sobre a pele 

um dia falo letra por letra 
no outro calo fome por fome 
é que a pele do teu nome 
consome a flor da minha pele 

cravado espinho na chaga 
como marca cicatriz 
eu sou ator ela esfinge 
ana alice/beatriz 

assim vivemos cantando 
fingindo que somos decentes 
para esconder o sagrado 
em nosso profanos segredos 

se um dia falta coragem 
a noite sobra do medo 

na sombra da tatuagem 
sinal enfim permanente 
ficou pregando uma peça 
em nosso passado presente 

o nome tem seus mistérios 
que se escondem sob panos 

o sol e claro quando não chove 
o sal e bom quando de leve 
para adoçar desenganos 
na língua na boca na neve 

o mar que vai e vem 
não tem volta 

o amor é a coisa mais torta 
que mora lá dentro de mim 
teu céu da boca e a porta 
onde o poema não tem fim 

artur gomes 




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