XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

mulheres poetas do Brasil




el castillo de loco


era onde ele dormia: isca noturna entre algumas traças e pulgas... e quando muito, ele que não dormia, estraçalhava tudo com as unhas; se dormia era entre os restos de rimas, urros e urina. 

e


dentro das xícaras matutinas, ele depositava o dia a dia, as suas caspas e as cinzas do cigarro de tabaco ... e seguia competindo com as baratas o asco do filtro [porque assim sentia melhor a nicotina], o seu desjejum, o seu resto de juízo e o alho, que era tudo o que ele mantinha na cozinha ...

e


enquanto ele observava o quadro de aviso-feltro "não alimente uma formiga", cerceava-lhe a rotina, entre os seus flagelos e as suas vertigens coloridas; retalhava o ácido do movimento externo da bengala, o cáustico entre as bexigas amarelas, e o lático das outras bolas de poligaláceas, as quais ele carregava junto a cadeira, ou na beira de seu chapéu que descansava-lhe a barriga... 



refletia sobre as maravilhas divinas e a luz demoníaca 


sua vida pelos olhos castanhos ... do amor...



Adriana Zapparoli








Um canto a Eros, ao anoitecer...


O amor é feito verso
quantum que corre
rio que não se sabe...

se para, fica, rima,
presilha
.... ou dispara

O amor diverso efeito

alarido
sussurro
algazarra

calmarias e zunido no peito,
quando ouvido é fibra atenta
rabicó e febre potente
dedo sal língua de gente

maresia, canto em mil disfarces
quando me enquadro com Eros,
controverso em pés silábicos
solto o peso e o espaço

leve o caminho, nos dedos 
pó poesia...
... o amor, a vida de teu abraço.



Carmen Silvia Presotto – Vidráguas!

A fotografia é de Ilona Pulkestene!








calo os monstros que assolaram entranhas num tempo que urgia de perigo o corpo. aborto contente pedaços doentes que não me cabem mais. renasço das trevas do espelho que chuta na face verdade oculta. mudo na força da pedra que cai de realidade vazia. fraca me julgo por me permitir assim. junto pedaços e me faço de novo a mulher que julgo ser...e serei.

Flávia D´Angelo

www.pelegrafia.blogspot.com



foto: Beatriz Bajo



ode às distâncias


I 
existe um mar dentro de um envelope sem remetente 
a tinta usada para a carta é opaca 
talvez escrita a lápis 
existe uma constelação de palavras sem significado 
aparente 
quem sabe ápis 
um tanto de saudade nos olhos de ressaca 
atravessados 

II 
existe um pé dentro de um galope sem acidente 
o tango traçado para o corpo empaca 
talvez uma cicatriz 
existe um coração descompassado 
saliente 
quem sabe aprendiz 
um tantã de samba gris na mão que aplaca 
inveterado 

III
existem países dentro de um xarope sem entorpecente 
o tinto bebido para o peito é faca 
talvez arranque a raiz 
existem línguas aladas sem agasalho 
frementes 
quem sabe fuzis 
um tasco de silêncio na tez que arrebata 
bordado




Beatriz Bajo







DESCRÉDITO

Se me perguntam:
— Escrever para TV, rende?
Respondo: — depende dos créditos
(aquelas letrinhas em que aparece o nome da gente
no começo ou no final, dependendo do canal).
A gente briga para tê-los,
para vê-los nas novelas, seriados
e acaba pirado
porque escritor não tem crédito
nem em Banco,
já que o saldo é sempre manco
e ninguém credita nada.
Ê profissãozinha desacreditada.


Leila Míccolis



10 comentários :

  1. Minha Casa

    Todos os dias
    e não só um dia,
    ser da tribo do umbigo.
    Parido na terra Odé,
    lavado nas águas da Oxum,
    alimentado pelo néctar da mulher.
    Sim todos os dias...

    A oca que acolhe os ossos
    É templo da alma viva.
    É santa nos pilares que sustentam sua cultura.
    É a casa, cabana, barraco é mansão.

    Varetas que cerceiam direitos,
    concretos que os legitimam
    garantia tem seu preço
    custo caro da cidadania.
    Tábua de 30 é cama.

    A reflexão de um poeta
    ultrapassa a pena guerreira.
    Registra com esferográfica
    a força da sua voz
    e liberta da gaiola em rimas
    o voo para a Constituição.

    Minha tribo... Meu quilombo... Minha favela querida meu chão.
    Lá está enterrado o meu umbigo, não há poder que corte este cordão.

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  2. Comunicar é deixar o comum falar e ser escutado.
    Usar das palavras pra registro,
    Contar no tempo ações ou falta das mesmas.
    Comunicação comunitária
    É o simples exercício de dar voz
    Ao que é preciso ser dito,
    Se escrito é mais bonito, é bem dito,
    mesmo se quem o diz
    as letras ainda não consegue juntar.
    A Notícia Por Quem Vive é apenas
    O exercício de deixar a Cidade de Deus falar.
    Uns poucos, que aos poucos se multiplicarão
    É preciso mais bocas e mãos.
    É preciso mais olhos nos becos, nas travessas e vielas para se tornarem avenidas.
    É preciso comunicar o que a comunidade quer e vive por direito diário, testemunho real. Linhas que ultrapassem um jornal.
    Neste exercício se reúnem alguns faladores, colaboradores,
    esperando que chegue na pauta novos comunicadores,
    e assim somente com a persistência e muita dedicação
    Abriremos a cada encontro uma fala ou um feito daquele representativo cidadão.

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  3. Baú de vida.

    Café no ponto,
    Sorriso maroto,
    Conversa lá fora,
    O vento intermedia.

    Tempo encurtado,
    Sonhos voando,
    Frieira nos pés
    Coluna encurvando.

    Desgosto em lembranças,
    Prazeres guardados,
    Memórias de criança
    Crescer é doído.

    Vivendo melhor,
    Recado maduro,
    Segredo guardado,
    Desejos passados.
    Não requente o café!

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  4. Boca que bendita
    quando irada mal dita
    até um samba canção.
    Na hora da ira em crise
    cola os dentes e lábios
    e deixe passar o palavrão.

    Os segundos arrepiam
    à emergência do desabafo.
    Cala o que maltrata
    e solta o que liberta.

    Retirar a dor da praga
    e como limpar feridas
    a raiva passa e a memória fica
    em boca fechada a barata é intriga.

    ResponderExcluir
  5. Boca que bendita
    quando irada mal dita
    até um samba canção.
    Na hora da ira em crise
    cola os dentes e lábios
    e deixe passar o palavrão.

    Os segundos arrepiam
    à emergência do desabafo.
    Cala o que maltrata
    e solta o que liberta.

    Retirar a dor da praga
    e como limpar feridas
    a raiva passa e a memória fica
    em boca fechada a barata é intriga.

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  6. Baú de vida.

    Café no ponto,
    Sorriso maroto,
    Conversa lá fora,
    O vento intermedia.

    Tempo encurtado,
    Sonhos voando,
    Frieira nos pés
    Coluna encurvando.

    Desgosto em lembranças,
    Prazeres guardados,
    Memórias de criança
    Crescer é doído.

    Vivendo melhor,
    Recado maduro,
    Segredo guardado,
    Desejos passados.
    Não requente o café!

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  7. Moldaram- no.
    Forma de barro do seu dia!
    O sopro da energia em vida se fez.
    O barro tornou-se fértil.
    Sementes carregadas no bico de pássaros caíram por sob o solo.
    Rosas nasceram e viçosas ficaram,
    Andaram pelo mundo.
    Encontraram sentido do existir.
    No rumo do tempo O menino virou velho,
    o tempo passou por seu destino.
    Sob o solo encharcado de amor,
    o pé do tempo fechou-lhe o olhar,
    virou pó do retorno ao solo santo.
    E lá,
    nas profundezas do barro,
    o canto de ninar de Nanã Buruque embala o inicio da vida,
    o transformar do tempo no bico da eternidade.
    Saluba é pó de saudades.

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  8. De bem me entendo no tempo.
    Que me abrace o vento e que o dia me beije.

    Sou passarinho!

    Que o canto saia por todos os meus poros e eu seja apenas um pássaro pra voar no bem e cantar pelos cantos do viver.

    Cantar me liberta!
    Compor me revigora!
    Escrever me fortalece!

    Assim, livre no ar que é o mundo de Oyá , eu me entregue ao pouso criativo, e no ninho do amor multiplique meu canto, versos e melodias.

    Minha única flecha seja a fartura de melodias e versos e que eu entregue as músicas nascida destes voos, para as revoadas regida por Oxóssi.


    Okê Arolê.

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  9. De bem me entendo no tempo.
    Que me abrace o vento e que o dia me beije.

    Sou passarinho!

    Que o canto saia por todos os meus poros e eu seja apenas um pássaro pra voar no bem e cantar pelos cantos do viver.

    Cantar me liberta!
    Compor me revigora!
    Escrever me fortalece!

    Assim, livre no ar que é o mundo de Oyá , eu me entregue ao pouso criativo, e no ninho do amor multiplique meu canto, versos e melodias.

    Minha única flecha seja a fartura de melodias e versos e que eu entregue as músicas nascida destes voos, para as revoadas regida por Oxóssi.


    Okê Arolê.

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