XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ao Coyote



Ao Coyote

Século a século a areia infindável
Dos diversos desertos têm sofrido
Teus passos numerosos e o ganido
De chacal cinza ou hiena insaciável.
Por séculos? Eu minto. Essa furtiva
Substância, o tempo, não te alcança, lobo,
Teu é o puro ser, teu é o arroubo,
Nossa, a torpe vida sucessiva.
Foste um latido quase imaginário
Nos confins do Arizona, nessa areia
Onde tudo é confim, e se incendeia
Teu perdido latido solitário.
Símbolo de uma noite que eu possuía,
Seja teu vago espelho esta elegia.


Jorge Luis Borges
Revista Coyote – nº 24
distribuição:


tradução:  Josely Vianna Baptista

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