XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Que é Poesia?

Diante de um livro de Marina Colasanti, a questão vem sempre: como é que se faz poesia? E para as crianças, é diferente?
Esta conversa com a escritora e artista plástica premiada e fundamental para o repertório de literatura das crianças, nasceu do lançamento do livro Minha Ilha Maravilha (Ed. Ática).

Veja a entrevista completa.

CRESCER ONLINE - Estes poemas eram antigos, novos? Como foi a idéia do livro?
Marina Colasanti - Eu tinha alguns deles prontos e resolvi parar tudo para escrevê-los. Sabe que escrever poesia para criança é muito diferente.

CRESCER ONLINE - Por quê?
Marina Colasanti - Eu sinto uma necessidade de encontrar rimas, por exemplo. A rima tem algo jocoso, musical que é muito bom. É um jogo para a criança. São, na verdade, dois jogos ao mesmo tempo: um é o que conta a história ou como se conta a história. A rima, digamos, fixa melhor.

CRESCER ONLINE - E são diversos temas nos poemas...
Marina Colasanti - Eu também quis alternar temas sérios e temas “de crianças”. Não quis ser só jocoso, porque não sou divertidora. E não me pareceu conveniente fazer somente com temas sérios. E é algo complicado porque não podemos dar a eles temas de adultos. E também não posso simplesmente lembrar da minha infância, porque os temas mudaram.

CRESCER ONLINE - E qual é o segredo?
Marina Colasanti - Observar.

CRESCER ONLINE - Fazer poesia é observar?
Marina Colasanti - Ah, fazer poesia é tanta coisa... Poesia para crianças é um aprendizado... não, não é esta palavra, pois se associa a conhecimento. Poesia para crianças é um encaminhamento para o universo da poesia.
Isto antigamente era feito de maneira múltipla, nos jogos cantados, nas cantigas. Hoje as crianças cantam músicas comerciais! Nem nas escolas tem isso mais.

CRESCER ONLINE - Você visita escolas como escritora?
Marina Colasanti - Raramente. Não gosto desta certa ligação que algumas editoras têm de “se vocês adotarem o livro na escola eu trago o autor aqui”. Acho que há uma confusão com celebridade e as crianças se interessam pouco pelo escritor.

CRESCER ONLINE - É importante diversificar textos para a criança? Por exemplo, se estes são poemas com rima, A Menina Arco-Íris (Ed. Global) tem poesia, mas não em poemas.
Marina Colasanti - Eu nunca trabalho com realismo e nem com linguagem coloquial. Gosto da linguagem inventiva, que é a linguagem poética que tem no A Menina Arco-Íris.

CRESCER ONLINE - Você publicou nos anos 80...
Marina Colasanti - Foi meu primeiro livro infantil. Porque antes eram os contos de fada e eu não considero contos de fadas infantis. Fiz outras ilustrações porque elas eram precárias, eu estava começando.

CRESCER ONLINE - É difícil refazer as ilustrações?
Marina Colasanti - Sim, porque vai relembrando e é difícil apagar isso.

CRESCER ONLINE - E como foi o trabalho de ilustrações deste novo livro?
Marina Colasanti - Foi maravilhoso. Ilustrar poesia é muito difícil. Não pode ser descritivo como numa narrativa. E nestes tinham mais de um poema na mesma folha. Assim, a alternativa é procurar algo do universo dela.
Só que eu pedi para a Ática me fazer um projeto gráfico. É assim que eu trabalho, peço uma boneca (modelo de como vai ficar o livro). Eu digo “me dêem o tamanho e o texto na tipologia que vão usar”.
Eles me mandaram uma boneca linda, com recortes de antigas ilustras minhas. Aí fiz novas ilustrações e disse a eles “estes são os traços, vocês coloquem as cores no computador”. E foi ótimo, porque são cores chapadas que eu não ia conseguir reproduzir. Fiz os traços, disse onde queria o quê e eles colocaram as cores. Foi um ótimo trabalho conjugado e o livro ficou lindo.



fonte: http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,%2019125,EFC1671753-5670,00.html



Marina Colasanti (Sant'Anna) nasceu em 26 de setembro de 1937, em Asmara (Eritréia), Etiópia. Viveu sua infância na Africa (Eritréia, Líbia). Depois seguiu para a Itália, onde morou 11 anos. Chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou no Rio de Janeiro, onde reside desde então. Possui nacionalidade brasileira e naturalidade italiana. Entre 1952 e 1956 estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958 já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuou como colaboradora de periódicos, apresentadora de televisão e roteirista. Ingressou no Jornal do Brasil em 1962, como redatora do Caderno B, desenvolveu as atividades de: cronista, colunista, ilustradora, sub-editora, Secretária de Texto. Foi também editora do Caderno Infantil do mesmo jornal. Participou doSuplemento do Livro com numerosas resenhas. No mesmo período editou o Segundo Tempo, do Jornal dos Sports. Assinou seções nas revistas: SenhorFatos & FotosEle e ElaFairplayClaudia e Jóia.Em 1976 ingressou na Editora Abril, na revista Nova da qual já era colaboradora, com a função de editora de comportamento.De fevereiro a julho de 1986 escreveu crônicas para a revista Manchete. Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, Eu Sozinha; desde então, publicou mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta. Seu primeiro livro de poesia, Cada Bicho seu Capricho, saiu em 1992. Em 1994 ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por Ana Z Aonde Vai Você?. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais Eu Sei, mas não Devia (1992) que recebeu outro prêmio Jabuti, além de Rota de Colisão igualmente premiado. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Dentre outros escreveu E por falar em amorContos de amor rasgados;Aqui entre nósIntimidade públicaEu sozinha, Zooilógico, A morada do ser, A nova mulher (que vendeu mais de 100.000 exemplares), Mulher daqui pra frenteO leopardo é um animal delicadoGargantas abertas e os escritos para crianças Uma idéia toda azul e Doze reis e a moça do labirinto de vento. Colabora, atualmente, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna com quem teve duas filhas: Fabiana e Alessandra. Em suas obras, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos, sobre a situação feminina, o amor, a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade. 

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